quinta-feira, 10 de abril de 2008

Cão como nós


Um relato encantador sobre a convivência de um cão com uma família.Manuel Alegre conta-nos a sua experiência pessoal misturada com reflexões em minúsculos capítulos.Um cão (Kurika) de raça épagneul-breton que não se limitava a ser apenas um cão,era desobediente, fiel, teimoso assumia todas as características da família que o acolheu.Um ser que gradualmente foi assumindo uma posição de destaque entre os humanos,e tinha atitudes bastante preponderantes,adorava caçar mas detestava a pesca.Um relato que acompanha o desenvolvimento do animal passando por todas as vitórias graduais,todos aos altos e baixos ,as sensações,os sentimentos,até ao culminar da doença de Kukurica que levou ao inevitável...

Uma homenagem merecida a um ser que acompanha até depois da morte os pensamentos dos seres que compartilharam a maior parte da sua história.

Confesso que me emocionei e compartilhei cada carácter da narrativa,identifiquei-me em vários pontos,como deve acontecer à maioria das pessoas que lê este livro e tem animais que compartilham a sua vida. Um hino à relação entre seres aparentemente tão distintos mas,que por vezes,se fundem numa união de sentimentos indiscritivel.Demonstra perfeitamente a empatia que se cria quando dois seres interagem e,falo por experiência própria,os ditos seres superiores alteram os seus hábitos em prol dos seres à priori mais "insignificantes" mas que demonstram uma inteligência muitas vezes subvalorizada.

Tenho pena que o livro seja tão pequeno,porque o devorei em +- 30 minutos e fiquei com um gostinho triste dado o final e ,um grande "sabor a pouco".

"Podes correr comigo pela praia fora, aqui ninguém nos vê, somos só nós e o mar, saltas a meu lado como se fosses um pedaço de areia e vento, uma estátua movente, cão de água, anda daí comigo por esta noite dentro".

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