"A caverna" foi o primeiro romance escrito por Saramago depois dele ter ganho o prémio Nobel ,e,vem no seguimento de outras duas obras ;primeiro,"Ensaio Sobre a Cegueira" e posteriormente "Todos os Nomes".
Estes livros giram em torno da forma como Saramago vê o novo milénio.
Nesta última obra,Saramago mostra-nos através de várias analogias a forma como gradualmente estamos a perder o nosso mundo velho cheio de valores morais,tradições familiares em prol de um mundo cheio de aparentes encantos mas mais frio ,mesquinho em que os sentimentos deixam de ser o mais importante.
Para tal conta com a ajuda dos seus personagens ,uma família (pai,filha e genro)tradicional que vive à custa do trabalho do barro mas ,vê a sua fonte de rendimento terminar quando "O centro" lhes deixa de comprar os artigos indicando que já ninguém lhes liga.Surge então na vida de Algor um cão perdido a quem ele dá o nome de Achado e que se torna o seu mais valioso elo de ligação à vida.
Um livro extremamente cativante,praticamente "devorei-o" em pouco tempo,tem o senão da escrita interrupta de Saramago(os seus célebres parágrafos extensos).
Saramago utiliza diversos símbolos,aliás ,praticamente toda a história está cheia de símbolos para demonstrar as suas ideias.
Esta história gira em torno da "teoria" da caverna de Platão onde seres humanos viviam numa caverna com a boca aberta para a luz.
Vivem com as pernas e o pescoço acorrentados de modo a não se poderem mover,apenas vêem o que está à sua frente, uma vez que as correntes os impedem de virar a cabeça.Acima e por trás deles, um fogo arde ,à frente uma parede baixa se ergue por um caminho.
Portanto esses seres somos nós que apenas vimos as sombras uns dos outros porque o fogo as projecta na parede que tem à frente...
Sem dúvida um tema que nos faz pensar no sentido da vida ,nos valores que se vão perdendo ,cada vez mais nos aproximamos dos bens materiais por vezes desprezando outros bastante mais importantes.
Um livro muito interessante ,com um história aparentemente simples e banal mas que ,nas entrelinhas diz bastante.
****
Sem comentários:
Enviar um comentário