segunda-feira, 14 de abril de 2008

Fazes-me falta


Um relato intenso originado pela morte precoce de uma das personagens ,que dá vida a um diálogo caloroso e dramático onde duas vozes,de gerações diferentes ,se cruzam num entrelaçar de sentimentos que não ousaram discutir em vida.
O possível diálogo entre alguém que acaba de morrer e um homem que se recusa em aceitar a sua morte e continua a falar com ela.A história de uma amizade profunda ,misturada com amor e admiração,que não consegue ter um ponto final mesmo depois da morte.
Uma troca de sentimentos e ideias escrita de uma forma bastante poética onde se tentam esclarecer dúvidas, incertesas, paixões, amizades, enfim ,um rol de sentimentos que por vezes se tornam dúbios ,e que ,infelismente,só com a morte se tornam certos.Um desabafo de sentimentos que formam incapazes de se dizer durante a vida,mas que agora ,devido ao infortúnio são practicamente obrigados a desbrochar de forma a que cada um dos personagens possa prosseguir com as suas vidas,no caso de um dos personagens,com a vida além da morte...
Foi o primeiro livro que li da escritora ,portanto não posso comparar com outras obras,mas fiquei encantada com a escrita,bela e suave ,onde os sentimentos são tão bem expostos.
Revela-se contudo um pouco repetitivo,por isso não faria mal se o livro fosse mais diminuto.Uma bela forma de repensarmos um pouco na vida e nas coisas que poderiamos ter dito e feito ,mas que por um ou outro motivo vão ficando para tráz e que no fim nos dão uma sensação de vazio.Deixo-vos aqui uma pequena amostra:

"Vejo o vento, atiçando a alma das árvores, empurrando nuvens, lavando o céu - mas não o sinto. Tu encolhes o pescoço no casaco para te defenderes dele. Se ao menos eu pudesse dominá-lo, por um segundo que fosse, dar-lhe a forma dos meus dedos mortos e acariciar-te lentamente esses fios brancos, desordenados. Persigo-te para que o tempo exista. Porque andas, e olhas o céu, e o encontras às vezes negro, ou cintilando como um escuro mar de jóias, ou chuvoso, ou ressequido de sol, sei que os dias passam"

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